APRESENTAÇÃO
Os critérios que adotamos para a antologia foram os seguintes:
1. Critério antológico, propriamente dito, carreando quer a retoma de trechos antologiados quer a inserção de fragmentos inéditos, conciliando tradição e inovação;
2. Critério genológico, incidindo na diversidade de géneros literários, como o conto, a novela, o romance, o poema, a epístola, a entrevista, a crónica e o ensaio;
3. Critério periodológico, por forma a tornar manifesta a evolução estético-literária do autor, foi este o método aplicado à obra de Emanuel Félix
4. Critério estrutural, enfatizando mais a teoria surrealista dos vasos comunicantes do que a prática corrente dos compartimentos estanques. Tentou-se firmar a arquitetura da antologia mediante remissões internas (Antero evocado por Vasco Pereira da Costa; Nemésio citado por José Martins Garcia; Álamo Oliveira e João de Melo, revisitados por Vasco Pereira da Costa).
5. Critério interdisciplinar, desembocando numa dupla perspetiva heurística e hermenêutica. Assim, a história quedar-se-á no regime salazarista (Daniel Sá); na Guerra Colonial (Cristóvão de Aguiar) e na Revolução dos Cravos (José Martins Garcia); a sociologia vai privilegiar o fenómeno da emigração e a imergência da lusalândia; a geografia dará primazia à poética do espaço; a língua não ficará indiferente às charlas de Cristóvão de Aguiar;
Defluindo deste critério ressaltam os objetivos, sendo o primeiro a divulgação e subsequente homenagem a 17 autores. De difícil acesso ou por não haver sido reeditada ou por se encontrar dispersa em periódicos a obra destes autores açorianos tem sido frequentemente premiada e traduzida ressudando o conceito plural de açorianidade.
O segundo objetivo, de caráter científico, consistiu em facultar o conhecimento parcial de uma obra vária a investigadores nacionais e estrangeiros.
O terceiro objetivo, de índole pedagógico-didática brotou da intenção de trabalhar os textos selecionados nas escolas secundárias e nas instituições de ensino superior.
O quarto e último objetivo prendeu-se com a aprendizagem da língua portuguesa como língua não materna em escolas de línguas estrangeiras, como pro exemplo a escola de Constanza na Roménia.
Após exarar critérios e objetivos, resta referir as limitações advindas do próprio género. A primeira, identifica-se com a incompletude: mas não será o inacabamento o paradigma de
toda e qualquer seleta? A segunda reserva aparenta-se com a desatualização: todavia não será esta última apanágio de um género regido pela constante mutação e orquestrado pela modernização contínua? A terceira reserva releva da ponderação relativa à escolha dos textos: não se firmarão esses fragmentos textuais como fruto de uma subjetividade tão mais objetiva quanto mitigada pela colaboração estreita com os autores-colaboradores e as respetivas famílias.
Mera amostra textual proveniente da estética do fragmento, esta antologia, mau grado as imperfeições e deficiências que num futuro mais ou menos imediato lhe possam ser apontadas, procurou deixar entrever a unidade ou totalidade, assumindo-se como trampolim eficaz para esse absoluto que qualquer crestomatia é suposta subentender e que só a receção a longo prazo poderá corroborar ou denegar.
Como afirmou Álamo Oliveira “enquanto os homens são de memória curta, a História encarrega-se de gravar quanto interessa na memória dos livros e das pedras”.