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Seg., Dez.

A Lusofonia é uma capela sistina inacabada; é comer vatapá e goiabada, um pastel de bacalhau ou cachupa, regados com a timorense tuaka ao ritmo do samba ou marrabenta; voltar a Goa com Paulo Varela Gomes, andar descalço no Bilene com as Vozes anoitecidas de Mia Couto, rever os musseques da Luuanda com Luandino Vieira, curtir a morabeza cabo-verdiana ao som De boca a barlavento de Corsino Fontes, ouvir patuá no Teatro D. Pedro IV na obra de Henrique de Senna-Fernandes, e na poesia de  Camilo Pessanha; saborear a bebinca timorense em plena Areia Branca ao som das palavras de  Francisco  Borja da Costa e Fernando Sylvan, atravessar a açoriana Atlântida com mil e um autores telúricos, reencontrar em Salvador da Bahia a ginga africana, os sabores do mufete de especiarias da Amazónia, aprender candomblé e venerar Iemanjá, visitar  as igrejas e casas coloridas de Ouro Preto, Olinda, Mariana, Paraty, Diamantina, e sentir algo que não se explica em Malaca, nos burghers do Sri Lanka, em Korlai ou no bairro dos Tugus em Jacarta. É esta a nossa lusofonia (Chrys Chrystello abril 2019)

 

crónica 149 de ingratidão e de literatura Cristóvão de Aguiar

CRISTÓVÃO DE AGUIAR: UMA VERGONHA PONTA DELGADA. Na apresentação na Biblioteca Pública de PDL dos dois primeiros volumes das obras completas de Cristóvão de Aguiar (50 anos de vida literária) éramos 10 na assistência e 2 eram do governo...NEM COMENTARIA MAIS SE ISTO NÃO FOSSE INSULTUOSO MOTIVO PELO QUAL AQUI VAI O TEXTO COMPLETO

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Açorianidades (TEMAS PERMANENTES) Açorianos em Macau e em Timor – Cardeal Costa Nunes, D. Arquimínio da Costa, D. Manuel Bernardo de Sousa Enes, D. João Paulino de Azevedo e Castro, D. José da Costa, Nunes e D. Paulo José Tavares, (bispos açorianos em Macau), Áureo da Costa Nunes de Castro, José Machado Lourenço, Silveira Machado, etc. ​

 

Projeto iniciado no 15º colóquio em Macau 2011 por Raul Leal Gaião (Macau) e a partir do 19º colóquio na Maia por Dom Carlos Filipe Ximenes Belo cujo primeiro livro foi lançado em Montalegre no 25º colóquio "Missionários açorianos em Timor: Padre Carlos da Rocha Pereira" e posteriormente noutros colóquios

o 2º volume de Dom Carlos Ximenes Belo lançado em PDL julho 2018 e no 30º colóquio na Madalena do Pico  na Casa dos Açores Porto em novº 2018

ChrónicAçores uma circum-navegação vol. 2

Eduarda Fagundes escreveu em 16/12/2012:

Ao prezado amigo Chrys,

Como não tenho o talento dos poetas que em versos derramam seus sentimentos, uso os meus sentidos para dizer, em prosa, o que penso, o que hoje em dia, dizem os cientistas, é uma forma de acerto... Mas se errei, me perdoa, estou avaliando palavras...!

Terra que irmana

Tenho um amigo que é como estas ilhas, calmo na aparência, um vulcão por dentro. Há nos dois, homem e terra, um magma que os afina e irmana. Eis o que o prende aos Açores, minha terra de nascimento. O seu espírito errante, inquieto, ávido de descobertas, está na essência do português, que nasceu à beira d´água, elemento vital da matéria humana, corrente líquida que alimenta o corpo e o sonho. Está o amigo sempre à procura de tudo e...de nada. Pois o que o revigora e anima, não é a posse do elemento ou da coisa, é a alegria, a euforia que a busca lhe causa. Esta lhe aguça os sentidos, lhe faz sentir vivo e com alma. As andanças da vida o levaram a muitos lugares, a muitos feitos, ganhou muitos títulos, mas só nos Açores encontrou a liga espiritual com a Natureza que lhe faltava...

Já eu, amigo, tive um caminho diferente, filha da ilha, por séculos, tristonha, isolada, pelo peso da bruma apagada, fui, rebento, pela vida desenraizada. Transplantada para um mundo novo, onde a terra vermelha, muito antiga, tem seus componentes em pó transformados. Solo rico em ferro, há nele uma energia que puxa, que pesa, que nos prende pelo cansaço. Nestas extensas terras brasileiras, fiquei aprisionada. Tudo contribuiu. A fantasia das florestas, o calor extenuante, as longas distâncias... A necessidade de sobrevivência, nos ensinaram a andar devagar, a medir cada passo, a não dispersar energias, pois aqui cada movimento é uma graça, cada deslocamento uma epopeia. Aqui a terra é tanta que, iludidos, esquecemos que não somos nós que a temos, nós é que somos dela.

Mas vez por outra o meu espírito ancestral se agita, se rebela, é quando o corpo cansado pede sossego. Nestas horas ele reclama a bruma, a solidão do meu azórico aconchego...terra que o amigo pra si reclama.

Um abraço

 

Eduarda (Fagundes)

XXXIV Colóquio