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From: "Nuno Souto" <Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.      

Sent: Sunday, July 12, 2009 11:59 AM

To: "Chrys Chrystello" <Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.

Subject: O teu livro


 Acabei agora de o ler


 E sinto que devo escrever algumas palavras para expressar a minha opinião.

 De início, a linda descrição das ilhas recordou-me A Cidade e as Serras do saudoso Eça.  Depois, fui tratado com uma excelente e bem documentada análise da história inicial e recente do arquipélago, que muito me elucidou: desconhecia a maior parte.

 Fui levado então ao Nordeste do país, de onde também os meus avoengos são originários: cristãos-novos de Bragança. Adorei os detalhes e a história de tantas aldeias que nunca conheci mas de que ouvia falar. E algumas descrições tocaram perto, principalmente do ambiente estudantil e universitário. Foi o mesmo para muitos, pelos vistos.

 Passei depois a conhecer detalhes sobre a "colonização" de Macau que já suspeitava mas nunca tinha podido confirmar.  Foi óptimo verificar que a ganância dos "colonizadores" afinal não mudou muito do outro lado do mundo...


 E finalmente, aprendi mais detalhes do que alguma vez esperei sobre o único colonizador de Timor verdadeiramente digno desse nome: Celestino da Silva.  Foi um dos guias da acção colonial do meu pai, também um administrador de longa data: ainda hoje se podem ver efeitos da obra dele em Moçambique, no Googleearth. Tentou também fazer diferença em Timor, mas não foi tão bem sucedido.  Pelo menos conseguiu evitar a invasão de Timor pela Indonésia, quase levada a efeito em 66-67 aquando das loucuras do governador José Alberti Correia. Ameaçou-o de prisão, quando descobriu que queria "invadir" Atambua: estavam só 60000 para-quedistas em Jakarta, à espera que alguém lhes desse um motivo para intervirem...


E claro, mais uma vez confirmei aquilo que já sabia desde os tempos de colega de turma de liceu: ao Ramos Horta, não se dá nem um palito de confiança.  Por vezes pergunto-me se procedi bem quando impedi o José Rocha de matá-lo em Sydney, quando descobriu que o RH tinha estado a tentar encontrar-se com a filha dele - então uma menor.  Ri-me bastante quando soube que o RH estava acompanhado de uma sobrinha menor quando foi alvejado de manhã à porta da sua casa em Díli: "sobrinha menor", é?  Pois, pois: pelos mesmos!...


Raramente me é dada a oportunidade de ler algo na minha língua materna que me prende a um só livro: o normal é ler dois ou três ao mesmo tempo.  Este capturou-me e levou-me nas asas da imaginação e da memória como raros têm feito até hoje. Lamentei ter chegado ao fim.

Bem hajas.

Cheers
 Nuno Souto

 

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XXXIV Colóquio